I
Se minha boca um dia
acaso proferiu
juras de “eterno amor”
foi engano… mentiu!
porque jamais o fogo
que o coração inunda,
arreigou em meu peito
uma paixão profunda.
Se foi d´ebriedade
a hora em que brilhou,
só fulgiu um instante
e logo se apagou!…
Foram puras quimeras,
sonhos dum momento,
que fugiram… voaram!
II
Nunca mulher amei
que a ventura me desse
ou que de gozo uma hora
ex´primentar fizesse!…
Nunca beldade vi,
que a meu lado – risonha-
os céus entreabrisse,
que tanto o vate sonha!…
Nunca!… Sempre sonhando
eu vivo neste mundo;
nada há que a mim sorria,
é meu viver profundo!…
……………………………………………….
Nunca este peito amou!…
vive de paixões – ermo
de venturas – sedento
e de amor… enfermo!
III
Como na ilusão vivo!…
julguei um dia amar
um anjo que o caminho
meu s´atreveu corta…
E, louco, inebriado,
eu a fui adorar,
e prostrado a seus pés
um culto lhe prestar!…
E à luz fascinadora
de feiticeiro olhar –
qual doida mariposa –
me fui… me fui queimar!…
Queimei-me, pobrezinho!…
Mas curado fiquei;
digna d´amor não era
aquela que incensei…
……………………………………………
Cordeiro da Mata in “Delírios”, Luanda 1878
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